Stella Gomide é paulistana, formada em Desenho e Plástica pela Universidade Mackenzie e Licenciatura pela Faculdade Santa Marcelina. Realizou cursos de desenho com Carlos Fajardo, Cássio Michalany, no Museu Brasileiro de Escultura, Prática de Desenho com Modelo vivo no Centro Cultural Vergueiro, pintura com Newmann Schutze e Maazo Rek.

 

Participou de várias exposições no Brasil e no exterior, tendo recebido diversas premiações.

  • 1º lugar no Concurso de Pintura da Acesc (Associação de Clubes Esportistas e Sócio-Culturais de São Paulo) – 2003
  • Menção Honrosa XIV, Circuito Internacional Arte Brasileira – 2009
  • Medalha de Ouro, V Salão Nacional de Artes Plásticas, Museu da Marinha – 2010
  • Medalha de Ouro, Prêmio Aquisitivo Salão Nacional de Artes Plásticas, Campinas

Algumas exposições internacionais:

  • Feira Mundial de Arte, em Nova Iorque (Artexpo)
  • XIV Circuito Internacional de Arte Brasileira, Áustria, Hungria, Eslováquia e Santiago
  • Artspace Galleries, Paris
  • XV Circuito Internacional de Arte Brasileira, Galeria Berlim am Meer (Berlim), Galeria Dólmen (Praga, República Tcheca), Galeria Meeting Art (Lisboa) e SOFA – Sculpture Objects & Funcional Art (Chicago)
  • "Chovendo Arte em Berlim", Galeria Berlim an Meer (Berlim)

Nos últimos anos vem desenvolvendo trabalhos em diferentes suportes e técnicas, como desenhos sobre caixas de suco abertas (Tetrapak), trazendo assim a sustentabilidade em suas obras.

 

Participou do curso “Poéticas Visuais de Interação”, no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, sob a orientação de Sylvio Coutinho.

Emanuel Von Lauenstein Massarani
As obras de Stella Gomide reúnem, de modo quase enigmático, a solução gradual de uma precisa tese filosófica, onde consegue conciliar no plano pictórico os conceitos de “finito” e “infinito”, no constante respeito às suas intrínsecas dimensões.

 

Suas telas não se limitam à simples representação estática dos dois conceitos, mas também por fases sucessivas, põe em evidencia a dinâmica dentro das quais evoluem na busca de um ponto de encontro.

 

O perfil da cidade em seus edifícios, seus parques, suas casas e árvores são pretextos que se inserem num contexto de uma paisagem impressionista, em outras ocasiões geométrica, onde traço e cromatismo exprimem a visão de um mundo que a artista possui dentro de si.

 

Sobre a tela, os gestos comedidos da artista se carregam de lirismo, o tom pacato e tranquilo se torna uma mensagem de amor pela temática escolhida, onde seu pincel acaricia a tela através de cores suaves. Se suas obras revelam candura e pureza, seja no traço e no enquadramento, na cor reafirmam a habilidade de “metier”.

Fragmentos do texto de Antonio Carlos Suster Abdalla, critico de arte e curador, escrito para o catálogo recém lançado da artista.

“Admiro de antemão os artistas que cultivam e conhecem o desenho….. Stella Gomide estudou desenho com redobrado interesse e – em qualquer das técnicas e suportes que se utilize em suas obras – fica claro esse domínio.
Stella Gomide tem um desenho denso, e percebe-se que dedica tempo e grande atenção aos temas que escolhe e à execução, sempre com bons resultados. Na sua trajetória de formação é significativo que tenha estudado desenho com renomados professores. Sua base de trabalho foi bem assentada e é segura. Do desenho à pintura – passagem onde muitas vezes se perdem alguns artistas – constata-se um resultado igualmente válido e amoroso. Stella parece sempre escolher o tema urbano e do homem inserido nessa complexa e nem sempre fácil convivência com a cidade. Nas obras onde as figuras humanas são destaque isolado dá para se auferir que ali, no espaço fechado da tela, os corpos se movimentam com certa angústia. E com expectativas de saírem para o exterior do cubículo da tela, para a cidade, por assim dizer. Mantém-se aí a referência ao urbano, como se viver na cidade fosse libertação, e não confinamento.
Transportando esse caminho para a colagem e o recorte, com técnica original, há uma fusão entre o natural e o citadino numa boa manifestação da arte sustentável. Particularmente me interessam os trabalhos em relevo “montados” em caixas de TetraPark – material constantemente presente no dia-a-dia de todos nós, como, por exemplo, nas quase onipresentes caixas de leite UHT, material facilmente descartável e, como tanta coisa mais, difícil de ser afastado da convivência humana e destruído. Acho relevante que as obras deste segmento sejam trabalhadas em preto e prata, dando uma ideia de noite, de lua, de algo escuro e que permeia tudo, quase misterioso. E a construção dessas obras, muitas vezes, revela andares (prédios?), mais uma vez tudo inserido na vida urbana.
Em trabalhos mais recentes, há as mesmas estruturas construtivas, mas agora com a figura quase de todo abstraída. Uma abstração geometrizada e com telas irregularmente recortadas. Talvez aí resida mais um alerta a fragmentação do humano, isolado em cubículos (de novo, prédios?) numa difícil convivência com a natureza livre, apartado de valores fundamentais e buscando uma saída honrosa (a utopia da vida sustentável) que evite o naufrágio previsto, mas não desejável.”

Drawing as a premise Antonio Carlos Suster Abdalla.

“I unconditionally admire artists who cultivate and know drawing.
Stella Gomide studied drawing with redoubled interest and her mastery of the craft is evident in any of the techniques and media she uses in her work.
Stella Gomide’s drawings are dense, and one realizes that she devotes time and great attention to the themes she chooses and to their execution, always with good results. In her formation path, it is signifcant that she has studied drawing with renowned teachers. Her groundwork has been well laid and is secure.
From drawing to painting – a transition where often some artists lose direction – an equally valid and loving result can be ascertained. Stela always seems to choose the urban theme, dealing with humankind involved in its complex and not always easy coexistence with the city. In pieces where the human figure is in the forefront, it can be noticed that the bodies move with some anguish in the closed space of the canvas. One could say that they long to go outside the cubicle of the canvas, to leave for the city. Thus the reference to the urban theme is maintained, as if living in the city were a release and not a confinement.
When this path is carried over to collage and papercutting, with an original technique, there is a fusion between natural and urban environments in a healthy display of sustainable art. I am particularly interested in her pieces that are “assembled” in relief on Tetra Pak packaging – a material that is a constant presence in our daily lives, as in the almost ubiquitous UHT milk cartons, and is easily disposable but, like so many other items, hard to be removed from the urban environment and destroyed. I find it relevant that the works in this segment are crafted in black and silver, with a hint of night, of moonlight, of something dark and almost mysterious that permeates everything. And their construction often reveals stories (buildings?), once again completely immerged in urban life.
And then we arrive at her most recent works, maintaining the same constructive structures but with the fgure almost totally abstracted – a geometrized abstraction on irregularly cut canvases. Perhaps this yet one more alert about human fragmentation, about isolation in cubicles (again, buildings?) in a troubled coexistence with free nature, disconnected from fundamental values and seeking an honorable way out (the utopia of sustainable living) which could avoid the foreseen – but undesirable – disaster.”

Tradução de Pedro Conti